Natureza e rococó

A delicadeza com que Pedro Lourenço construiu suas mulheres-pássaro me chamou a atenção. Talento jovem dedicado e com dna a seu favor, ele abordou a natureza sobre uma linguagem diferente dos outros, trazendo o olhar e a leveza das aves para o nosso mundo e transformando peças do vestuário em obras de arte com vida própria. Sua mãe, Glória Coelho, mostrou texturas amassadas e brilho molhado, drapeados, franzidos, babados e cores sóbrias, além de marcar o pescoço como ponto forte em vários modelos.
Já a ingenuidade e beleza dos looks de Maria Garcia mostram a que a grife veio. Mulheres elegantes, com alma jovem, bom gosto e desejo de uma vida confortável são pontos fortes, assim como a ingenuidade dos babadinhos e das cores. Uma graça!
Mário Queiroz mostrou homens elegantes e irreverentes, com dourados muito presentes, comprimentos menores e peças ajustadas, além do grafismo que dá uma sensação vertiginosa e porque não tridimensional.
A moda praia da Poko Pano veio na forma de peças maduras, com modelagens para vários tipos físicos e uma provável inspiração no mundo das pin ups, com toda a sensualidade que épocas passadas conferiam ao look só que num tom de modernidade pra os dias atuais. Simone Nunes usou elementos da praia para suas peças, com cordas e cores neutras. As formas tubulares e o monimalismo foram fortemente explorados.
Mas a beleza e a criatividade voltaram a imperar no desfile de Samuel Cirnansck, que trouxe o passado de forma majestosa, buscando no rococó sua fonte de inspiração. O desfile foi elegante e com toda a pompa e suavidade que a época evoca, um luxo.
Já o encerramento, com a Colcci, vale mais pela über model que pelas peças. A coleção não traz nada de novo e não parece condizer com os valores pedidos nas lojas. Muito tie-dye e cintura alta pontuaram, mas não pareceram agradar. Enfim, me lembro de quando a marca era super desprezada aqui no sul e vendia moletons superlargos com aquele coala (ou seria cachorrinho?) gigante. Acho que as campanhas com a Gisele são bacanas e o investimento em marca válido, só que falta a contrapartida das roupas para acompanhar.

fotos: Eládio Machado