Lembrei de uma história da infância que me deu saudades. Ali pelos meus 10 anos, eu e uma prima dois anos mais velha, no verão, costumávamos brincar de "Tchans". Não sei bem ao certo de onde surgiu tal denominação, mas o fato é que assim chamávamos as gurias mais velhas que admirávamos e queríamos ser, algo como ser bacana, descolada, legal e estilosa. Sim, e tudo isso em uma só palavra.
Para tanto, nos esforçávamos em observar roupas, cabelos, jeito de caminhar, falar, tudo para poder saber como chegar lá. Isso incluia dançar, fazer teatro, tudo. E não eram apenas pessoas conhecidas, qualquer pessoa bacana da tv, modelos (na época Michele Pfeiffer, Claudia Schiffer, Karen Mulder, Cindy Crawford e Naomi Campbell) faziam parte do nosso rol de tchans de sucesso. Engraçado pensar que quando criança nós buscamos nos identificar com celebridades e pessoas de sucesso para construirmos nossa personalidade ou refutar mais adiante algumas coisas que não nos servissem. E mais, creio que no fundo fazemos isso a vida toda, só que de formas diferentes e sem essa busca pela cópia e sim pela identificação de pontos em comum. Pois vendo o jet set atual, creio que as tchans da atualidade são mulheres que chamam a atenção pela empatia que provocam e pela facilidade em ditar moda e costumes, mesmo que sem ter a intenção. Carla Bruni, a cantora e modelo que agora é primeira dama da França e esbanja bom gosto e carisma onde aparece, Madonna, sempre lançando moda, Sienna Miller, Kate Moss, Gisele Bundchen e Angelina Jolie são alguns expoentes que me recordo por hora.
Se consegui me transformar em uma tchan? Não, claro que não. Ao longo do caminho acabei buscando o outro lado, como jornalista, de reconhecer e contar histórias. E acho que foi nesse ponto que passei da fase de conhecer e admirar o mundo para a de tentar entendê-lo e me colocar nele de forma definitiva.
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